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Racismo no futebol nacional cresce 75% e “migra” dos estádios para redes sociais


por: O Mundo é uma Bola em 22/03/2016


Publicado originalmente por Vinícius Dias
Blog: Toque de Letra


No dia 21 de março, que marca a luta internacional pela eliminação da discriminação racial, o Brasil não tem motivos para comemorar quando se trata do esporte mais popular do país. Levantamento do Observatório da Discriminação Racial no Futebol,  apontou um aumento de 75% no número de denúncias de racismo contra jogadores ou árbitros em território nacional entre 2014 e 2015. A lista de vítimas inclui nomes como Jemerson(Atlético-MG), Michel Bastos(São Paulo) e Arouca(Palmeiras), todos com passagem pela seleção brasileira.

Em 2014, foram registrados 20 casos, sendo 19 em estádios e outro na internet. Em 2015, foram 35 casos - 24 em estádios, 11 na internet. "O aumento das denúncias acontece pela maior conscientização das vítimas e também pelo encorajamento que denúncias anteriores promovem", avalia Marcelo Carvalho, diretor-executivo do Observatório. "Porém, ainda falta o mais importante, exigir punição. Exigir punição é registrar B.O. e ir adiante com a abertura de processo na justiça", pontua.

O estado campeão em denúncias foi o Rio Grande do Sul: nos 24 meses, foram 14. Minas Gerais, por exemplo, somou sete casos - cinco em 2015. Outra tendência apontada é a de migração do racismo de estádios para a internet. Carvalho elenca dois motivos. "Primeiro, a impressão que grande maioria dos internautas tem de que a internet é terra sem lei. E segundo que, diferente de crimes nos estádios, onde a Justiça Desportiva tem 60 dias para julgar os incidentes, julgamento na Justiça Comum pode durar anos", argumenta.

Antônio Carlos da Silva, conhecido como Buião, foi vítima em um dos 20 registros de 2014. Em abril daquele ano, o então treinador do Vocem foi chamado de 'macaco' por torcedores do Bandeirante, de Birigui, em jogo válido pela Segunda Divisão do Paulista. Para ele, a solução está ligada à educação. "Em curto prazo, seria a punição. Mas tudo vem da educação. Temos de começar lá de baixo, reestruturando a educação. Assim, vamos colher os frutos lá na frente", afirma o ex-atacante.

Em enquete realizada pelo Blog (Toque de Letra) nas últimas semanas, 39% dos participantes disseram já ter presenciado ato racista em estádios país afora. Em meio a esse contexto, Marcelo Carvalho sustenta a tese de racismo institucional. "(Das discussões sobre profissionalização, nos anos 20,) para cá, o negro ganhou importância no futebol por talento e técnica, mas não respeito. A presença insignificante de negros como técnicos e dirigentes retrata bem isso", argumenta.

Ciro Salla
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Palmeirense, riosulense com orgulho e funcionário da área pública. Nas horas vagas, Plantão Esportivo na Radio Mirador AM 540, de Rio do Sul. Desde outubro de 2012 colaborador do Portal Esporte Alto Vale.

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