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Eu não gosto de baseball


De chato, difícil de entender as regras ou falta de objetividade. Como se declarar a um esporte que surgiu em 1846?


por: Go Sports em 24/08/2017


Para um bom começo de conversa, começamos com o básico: não fazemos apologia favorável a nenhum esporte. E nem contra também.

Brasileiro gostar de futebol da bola nos pés já foi muito mais unanimidade. Hoje em dia, não é difícil encontrar meninos, garotos ou adultos que estão indiferentes ao Flamengo, Palmeiras, Cruzeiro, Juventus (da Mooca e de Turim) ou o Liverpool. Em tempos atrás, isso era bem mais difícil. Aliás, é fácil encontrar meninos alheios a qualquer atividade esportiva, seja ela na prática ou na audiência.

Nos EUA, a audiência do soccer ainda é baixa. Mas há muita gente olhando para o esporte graças à globalização. Pirlo, Kaká, Lampard, Davi Villa, Schweinsteiger são nomes conhecidíssimos do futebol mundial e militam por lá para, entre outras coisas, chamar a atenção de investidores e do público. Mas por enquanto, ainda está longe de ser o esporte preferido da América.

E qual seria? Bem, é claro que o Futebol Americano é a liga mais popular. Entretanto, o calendário menor – a temporada regular pode fazer com que seu time jogue apenas 16 partidas, 8 em casa – faz com que o espaço sem NFL na TV seja bem grandinho.

Quando a gente fala de baseball, estamos mencionando um esporte bastante popular, um grande “passatempo preferido”, e jogos de montão. De montão mesmo! Cada time joga, pelo menos, 162 vezes na temporada Você pode correr o risco de ter um calendário com seis jogos em seis dias, ou até mais, dependendo da localização do seu adversário. É surreal pensar que para conquistar o título nacional, você tenha que disputar pelo menos mais 28 partidas nos playoffs!

Como gostar de um esporte bem diferente, que tem jogo quase todo dia, e que não tem hora para acabar? Basicamente, o jogo termina se até a nona entrada não houve empate (entradas são oportunidades em que um time atua como ataque, ou seja, no bastão, e o outro fica na “defesa”, ou se preferir, no arremesso e que cada um dos times atua nas duas situações). Se já de ler a descrição, já dá uma confusão – escrever também não é simples – imagina então, assistir.

Na partida, com jogadores em campo e a bolinha em movimento, é até mais fácil. O arremessador é o personagem principal, mas depende muito de toda a sua defesa caso ocorra rebatida. O rebatedor tem seu desempenho quase que isolado, dependendo apenas da boa indicação do técnico de base quando corre. Avançar mais enquanto a bola não volta para a base? Ficar parado e defender território? É na corrida que se toma essa decisão.

Você só vai pontuar se completar o losango. É uma confusão danada em alguns momentos, com eliminações duplas, slides em momentos que você pensa que não precisa ou corridas sem motivo. Tem jogos que terminam 16 a 9. Outros, 1 a 0. Os Dodgers caminhavam nesta semana para um jogo perfeito do arremessador Rich Hill. Até a 9ª entrada, a última – se não fosse as entradas extras por conta do empate – ninguém tinha rebatido nenhum arremesso dele. Mas a defesa errou em um lance, tirando o jogo perfeito. Pior. Os Pirates de Pittsburgh rebateram um home run na 10ª entrada e venceram o jogo. Da glória para uma decepção!

O espectador fica meio doido com algumas situações. O jogo às vezes é chato. Às vezes é dinâmico pra burro e cheio de novidades e situações que nos pegam desprevenidos sobre o entendimento da regra. E as estatísticas? Ah, as estatísticas... como é bom saber o aproveitamento de um destro contra arremessadores nascidos em Connecticut, da mesma divisão, em jogos de terça-feira que começaram às 10h entre maio e junho. Que relevância!

Mas com este alto grau de (i)relevância, de acordo com o gosto do freguês, que tem inclusive brasileiros no meio e jogando muito bem, fiquemos atentos aos movimentos da MLB. É um campeonato que já vem desde lá de 1800, com muita história, muitos mitos, polêmicas, brigas, doping, lesões graves e debate de boteco. Enfim, goste ou não, o baseball está aí, seguindo para seus três meses de definição. Aproveite!

Clóvis Eduardo Cuco é amante de esportes na televisão. As vezes sobe na arquibancada, mas apenas como jornalista, sua profissão e hobby. E toda a semana escreve sobre os esportes americanos na coluna "GO SPORTS"

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